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André Leme Fleury (*)

Nada mais intenso nos últimos dez anos que a emergência incessante de um número elevado de inovações tecnológicas, especialmente no campo do audiovisual digital. A fronteira mais recente promove avanços na visualização e imersão 3D, em sistemas móveis e locativos, sistemas de realidade expandida (já se fala na “internet das coisas”) e o que parecia velho ou morto, como fazer blogs pessoais, ganhou vida nova e provoca a nova revolução dos microblogs como o Twitter.

Além da interface, a inteligência viva que anima esses sistemas de informação e comunicação vai da gestão de aprendizagem aos fóruns e listas, viabilizam-se novas possibilidades inovadoras de produtos, serviços e valores, a ponto de trazer novos mercados para empresas e indivíduos que souberem gerenciá-los.

Sabemos que essas habilidades gerenciais são raras ainda, concentradas numa elite de riqueza e conhecimento. O programa GeMA nasceu do desafio de tornar essas tecnologias acessíveis para pessoas e instituições que padecem de condições impróprias para explorar estas possibilidades emergentes.

Projetos de emancipação digital teem por objetivo viabilizar novas possibilidades de aprendizagem e geração de renda entre as comunidades menos favorecidas, seja por renda, seja por acesso a conhecimento e zelo por suas identidades.

Concebido como uma “pesquisa-programa-ação”, o GeMA conta com apoio das Pró-Reitorias de Graduação, Cultura e Extensão e Pesquisa da USP, articulando-se ao Núcleo de Política, Gestão Tecnológica e Inovação (PGT) e coordenando ações de apoio à cooperação no campo das tecnologias de informação e comunicação entre União Européia e América Latina. Essa articulação múltipla interna e externa à USP permitirá o oferecimento de cursos de extensão e difusão cultural com dupla certificação, da própria USP e da Comissão Européia (“Project Angels”). Nosso compromisso com a alfabetização não apenas digital, mas em inovação nas formas de produzir e gerenciar sistemas audiovisuais digitais prossegue e ganha reconhecimento no país e no exterior.

Essa “pesquisa-programa-ação” abriu-se em 2008 a participantes distintos e diversos, de motoboys a estudantes universitários, publicitários, catadores de resíduos e cantores de hip-hop. O objetivo é o desenvolvimento de projetos, elaborados de acordo com a realidade e as possibilidades de cada participante, capazes de explorar as novas tecnologias audiovisuais para a geração de oportunidades pessoais e profissionais. Da combinação entre engenharia, gestão e identidades criativas surgem projetos voltados à reafirmação da nossa vocação para uma sociedade aberta, plural e mais justa.

(*) André Leme Fleury é Professor Doutor do Depto. de Engenharia de Produção, POLI-USP, participa em projetos da Cidade do Conhecimento desde 2002.