euroNo último dia 13 de agosto, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) recebeu representantes de instituições brasileiras que tiveram projetos aprovados no maior instrumento europeu de financiamento à ciência e tecnologia, o Sétimo Programa-Quadro de Pesquisa e Desenvolvimento (FP7).

Para o Chefe da Delegação da Comissão Européia no Brasil, Embaixador João Pacheco, o cenário brasileiro atual de participação no FP7 é positivo. “Nossa expectativa é muito boa daqui para frente. O número de projetos de cooperação entre Brasil e União Européia apenas vem aumentando. Além de fomentar a cooperação internacional, é preciso destacar a variedade de áreas de atuação desses projetos, desde pesquisas em tecnologia agrícola à oceanografia, e até mesmo a diversidade geográfica brasileira que os projetos têm alcançado”, explicou o embaixador.

“Hoje em dia, fala-se cada vez mais que pesquisa e conhecimento é uma atividade em rede. O sentimento de pertencer a uma comunidade é importante. O evento, mais importante do que a própria premiação, trouxe o sentimento de pertencer a um grupo de pessoas que fazem um esforço coletivo para incrementar o trabalho nas áreas de ciencia, tecnologia e inovação entre União Européia e Brasil”, disse Gilson Schwartz, do projeto Pró-Ideal, premiado na ocasião.

A premiação foi destinada às instituições brasileiras que participaram dos editais de 2008 do FP7 (com início de sua execução em 2009). Além da premiação, foram realizadas apresentações sobre o FP7, análise da participação brasileira, casos de projetos em andamento, debate sobre o papel dos pontos de apoio ao Programa no Brasil e treinamentos futuros sobre elaboração de projetos.

Durante a cerimônia, Angel Landabaso, Conselheiro de Cooperação em Ciência e Tecnologia da Delegação da Comissão Européia no Brasil, explicou a importância do trabalho realizado pelos projetos brasileiros aprovados pelos Programas-Quadro para o desenvolvimento de temas-chave para a União Européia no marco da cooperação internacional, o que inclui o desenvolvimento da excelência em pesquisa, a utilização eficiente dos recursos e o desenvolvimento de economias baseadas no conhecimento.

“A participação brasileira tem aumentado significativamente a cada Programa-Quadro. O aumento ocorre porque os esforços das instituições e pesquisadores estão cada vez mais atraídos para a colaboração em relação aos desafios globais e à necessidade de que todos se esforcem no avanço para uma sociedade do conhecimento. Precisamos desenvolver o triângulo educação, pesquisa e inovação”, afirma Angel.

O Brasil ocupa uma das primeiras posições em participação no FP7 como país não-membro da UE. Os Programas-Quadro são o principal instrumento de financiamento em ciência e tecnologia que a União Européia (UE) disponibiliza para seus Países-Membros e demais países de outros continentes, fomentando significativamente a cooperação internacional. O 7º Programa-Quadro, que entrou em vigor em 2007 e se estenderá até 2013, mobilizará cerca de 54 bilhões de Euros para distribuir entre os projetos aprovados.

A Cooperação Internacional e o FP7

ce_premia1O professor e coordenador do Bureau Brasileiro para Ampliação da Cooperação Internacional com a União Européia (BB.Bice), Paulo Egler, que realizou palestra durante a cerimônia sobre o resultado da participação brasileira no FP7, destacou o trabalho desenvolvido pelo Brasil ao longo dos Programas-Quadro. “Nesse sentido, é fundamental que tenhamos claro onde há oportunidades e sinergias em relação à cooperação internacional”, afirmou.

Paulo também destacou o trabalho do BB.Bice na organização do Mapa da Competência, que vem sendo desenvolvido com o objetivo de mapear as competências e as áreas de atuação das instituições de pesquisa e das empresas brasileiras. “O Brasil é um país com amplas competências em ciência e tecnologia, mas que são pouco divulgadas”. O coordenador do BB.Bice apontou que hoje no Brasil um elemento relevante para o desenvolvimento da cooperação internacional são as relações em nível pessoal. “O que precisamos hoje é desenvolvermos, também, mecanismos mais institucionalizados para a cooperação internacional e é nesse contexto que se insere o Mapa da Competência”. Enfatizou, igualmente, que um dos principais objetivos do BB.Bice é “colaborar para uma maior cooperação entre instituições do Brasil e da União Européia e propiciar um pleno entendimento sobre os procedimentos e mecanismos de funcionamento do FP7”.

Conheça em detalhes o Mapa.

Conheça o portal do Consórcio PRO-IDEAL coordenado no Brasil pela Cidade do Conhecimento (CTR-ECA-USP) e pelo Núcleo de Política, Gestão Tecnológica e Inovação (PGT-USP).

A participação brasileira no FP7

Tendo em conta o período de dezembro de 2006 a dezembro de 2008, as informações disponíveis no ano de 2009 apontam para a existência de 59 projetos aprovados, com a participação de 86 instituições brasileiras.

No sub-programa de Cooperação, onde a participação brasileira é mais expressiva, existe a prevalência de projetos na área  de Transportes (19%), Agricultura, Alimentos, Biotecnologia e Pesca (18%) Tecnologia da Informação e Comunicação (14%) e Saúde (12%). Os percentuais de participação brasileira nos projetos de FP7 no período em discussão configuram um quadro diferenciado dos resultados apresentados no primeiro edital, quando houve uma grande concentração nas áreas temáticas de Saúde (23%) e Tecnologias de Comunicação e Informação (19%). Houve, portanto, uma melhor distribuição entre as diferentes áreas temáticas do FP7.

“A participação do Brasil insere-se em uma importante relação estratégica, em que ambos os lados enxergam a pesquisa e o desenvolvimento como um eixo de cooperação estratégica que ultrassa positivamente os limites do Programa-Quadro”, acrescenta o embaixador João Pacheco.

Visita à Embraer

Os representantes dos projetos premiados pelo FP7 também foram convidados para uma visita institucional à sede da Embraer, em São José dos Campos, no dia 14. A reunião abordou temas relacionados ao trabalho desenvolvido pela empresa, como transportes, tecnologias da informação e comunicação, nanotecnologias, energia e tráfego aéreo.

Durante a reunião, Emílio Matsuo, Vice-Presidente Executivo de Tecnologia da Embraer, reforçou a importância do apoio oferecido pelos Programas-Quadro a diversos projetos realizados pela instituição. “Nos 40 anos da Embraer, alcançamos grandes realizações. Nesse sentido, é fundamental dar continuidade às atividades e valorizar todo o esforço para a construção da empresa, destacando-se aí a parceria com os Programas-Quadro”, explicou.

Entre as organizações brasileiras que participam de projetos com a União Européia estão:

Universidade de São Paulo (USP)
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e Novozymes Latin America Ltda
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, (IEAPM)
Universidade de Brasília (UnB)
Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer)
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
TIS.BR
BHTRANS
IMR – Desenvolvimento Organizacional Ltda.
Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA)
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Centro de Excelência em Engenharia de Transportes (CENTRAN)
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
Secretaria do Estado de Ciência e Tecnologia do Amazonas