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Luiza de Andrade – Folha de São Paulo – 30/08/2006

Projeto de inclusão abrange comunidades carentes 

Já estão no ar catálogos com toques e fundos de tela para telefones celulares produzidos por comunidades carentes em parceria com a Cidade do Conhecimento. O conteúdo digital pode ser acessado pelo portal WAP das operadoras.

 

A iniciativa surgiu com modelos de negócios pesquisados pela Cidade do Conhecimento, entidade vinculada à ECA-USP (Escola da Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), com objetivo de “incluir comunidades no mundo digital, transferir tecnologia e gerar conhecimento”, segundo o diretor, Gilson Schwartz, 46. Ele explica que o mercado de telefonia foi escolhido por ser capaz de cobrar por serviços e, assim, gerar renda. Imagens e sons disponíveis fazem parte de projetos desenvolvidos na Praia da Pipa (RN), na aldeia indígena xavante São Pedro (MT) e em Belém (PA).

Os ringtones (toques de celular) trazem batuques como o toque do coco zambê, particularidade potiguar, ladainhas e até brincadeiras, como a imitação de sapos da Amazônia. Os fundos de tela mostram obras de artistas locais e fotografias.

No Rio Grande do Norte, cerca de 400 pessoas estão envolvidas no projeto que vai além da produção para telefones. Lá, um telecentro é destinado a alunos da rede pública, e são ministradas oficinas de culinária nordestina e capoeira.

Um programa de TV produzido pela comunidade é exibido na praça principal aos sábados. Na platéia, estão moradores e turistas -os mesmos que em breve devem se tornar público consumidor alvo, com a exportação dos conteúdos para celular.  “Já existe o projeto de lançar na França”, diz Schwartz.

Segundo a presidente do grupo gestor na Pipa, Norma Fagundes, 47, “a Cidade do Conhecimento traz as máquinas e a gente dá o conhecimento”. O lançamento dos catálogos integra o evento sobre mídias digitais e cultura local na ECA-USP. Hoje há estréia do documentário “Navegar Amazônia” e show de Jorge Mautner. A programação é transmitida no site www.cidade.usp.br.