midia.JPG Projeto planeja gerar renda em áreas desfavorecidas a partir do telefone móvel.

Caderno Link – Jornal "Estado de São Paulo" – 27/11/2006  –

 
Por Gustavo Miller

6056.jpgDança da cura, canto de caça e zambê. Músicas e danças típicas e tradicionais de regiões brasileiras acabam de ganhar uma pitada de modernidade e estão à venda para o celular em formato de ringtones e wallpapers.

Essa novidade é fruto do projeto Cidade Móvel, uma parceria do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) e a Cidade do Conhecimento (instituição da USP).Nasceu com o intuito de gerar renda para comunidades menos favorecidas utilizando a rede de telefonia celular.

“A idéia é que a gente use a tecnologia para valorizar a cultura dessas comunidades e ensinar as pessoas a produzir conteúdo audiovisual para celular” diz o coordenador Gilson Schwartz.

Foram escolhidas três localidades para o teste. Uma delas é a Aldeia São Pedro (MS), que conta com trabalhos dos índios Xavante. Outra é a Praia da Pipa (RN), que colaborou com diversos batuques criados por Mestre Geraldo.

O barco Navegar Amazônia, que viajou pelos rios do Pará, Amapá e Amazônia, forneceu material garimpado entre a população local. Um exemplo é o ringtone de Raimundo Pereira dos Santos, o Folhinha, que tem a incrível habilidade de usar uma folha como instrumento de sopro.

Schwartz explica que, em cada região, os moradores aprenderam a produzir os ringtones. A idéia é que eles mesmo disponibilizem os conteúdos digitais via internet. Outra parte do processo foi explicar como um ringtone, aparentemente algo tão distante do mundo deles, poderia beneficiá-los financeiramente.

Vários fatores foram considerados na hora da escolha: o perfil sociodemográfico, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e levantamentos sociológicos, antropólogicos e econômicos.

Os ringtones e wallpapers custam de R$ 3 a R$ 4 e podem ser baixados através do site das principais operadoras de telefonia celular do País. ONGs locais receberão uma parte desse valor.

Após baixar o material via operadora, o internauta pode acessar o site www.cidade.usp.br (clique no ícone Cidade Móvel) para participar de uma promoção que sorteará uma viagem para cada uma das localidades que integram o projeto.

O cineasta Jorge Bodansky, que comandou a viagem Navegar Amazônia, diz que uma verdadeira parafernália hi-tech foi montada no barco. Só a ilha de edição tinha dez computadores ligados em rede. “Foi um projeto de levar tecnologia de ponta para um lugar sem nada. Não fomos só para ensinar, mas para aprender também.”

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