midia.JPGTradicionais cantos indígenas da tribo Xavante da região central do Mato Grosso poderão em breve ganhar o mundo na forma de downloads pagos de tons para celulares.

Por Alberto Alerigi Jr., Agência Reuters Brasil

reuters.gif A iniciativa faz parte de um programa de geração de renda em comunidades carentes do país, organizado por um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).

O projeto, chamado "Cidade Móvel" e que conta com recursos do governo federal, tem como objetivo emancipar comunidades com índice de desenvolvimento humano precário via telecentros e capacitação de moradores locais na criação, edição e formatação de conteúdos de culturas do país para uso em celulares.

Atualmente disponíveis para venda apenas no Brasil, o conteúdo poderá já em 2007 ser oferecido a usuários de celulares da União Européia e da China, afirmou o coordenador do "Cidade Móvel", Gilson Schwartz, em entrevista por telefone.

"A gente quer criar um modelo de negócios com conteúdos sociais para a indústria de telefonia móvel", disse o pesquisador, acrescentando que as negociações para distribuição internacional estão adiantadas.

De acordo com o coordenador de tecnologia do projeto, André Leme Fleury, a iniciativa –em desenvolvimento há alguns meses– está gerando renda para a comunidade de cerca de 100 índios Xavante da remota aldeia de São Pedro, no Mato Grosso.

Os seis tons para celulares dos Xavante, vendidos por cerca de 3 reais nos serviços de download das principais operadoras de telefonia celular do Brasil (como Vivo, TIM, Claro e Oi), incluem temas como "Canto da Caça" e "Dança da Cura".

Além das músicas dos Xavante, o projeto conta ainda com músicas recolhidas entre comunidades ribeirinhas pelo barco da organização "Navegar Amazônia".

A embarcação, que circula pela bacia amazônica, conta com um estúdio multimídia para edição dos conteúdos gravados em comunidades carentes dos Estados do Amapá, Amazonas e Pará.

O valor arrecadado com a venda dos tons não pode ser divulgado por acordos de confidencialidade com as operadoras, mas as vendas unitárias do conteúdo do projeto "já estão na casa da dezena de milhar", disse Schwartz, coordenador do "Cidade Móvel".

O projeto também inclui o conteúdo produzido pela comunidade Praia da Pipa, localizada em uma região carente do Rio Grande do Norte. Nesse catálogo estão inseridas 19 músicas e uma série de pinturas com temas da cultura das moradores locais que foram transformadas em fundo de tela de celulares.

A renda obtida com os tons e as imagens de fundo de tela é dividida entre as comunidades carentes, empresas de distribuição de conteúdo e operadoras, disse Fleury, coordenador de tecnologia do projeto.

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